Quem denigre quem na CNN Brasil

A CNN Brasil quer tanto ser a GloboNews que agora copia os arrepios etimológicos da rival.

Em uma edição do "Expresso CNN", o âncora Evandro Cini, de olho em Marcelo Cosme, repeliu o comentarista Alexandre Borges pelo uso da expressão "denegrir".

"Você usou o termo denegrir, que não é usual nos dias atuais. Isso é importante que se ressalte. Temos de cortar essa palavra, já que representa algo negativo, voltado à população negra. Temos de cortá-la para termos um diálogo e um discurso cada vez mais respeitador e transparente".

Evandro Cini cometeu dois erros atrozes no pito em rede nacional. O menos grave, inacreditavelmente, é o etimológico. A palavra "denegrir" não tem a origem e a função que os lacradores inventaram para ela. O mais grave diz respeito à fogueira cibernética armada ao vivo na CNN Brasil. A menos que Alexandre tivesse realmente cometido um crime, nenhum âncora teria o direito de expô-lo de forma tão escrota.

Aponta-se muito o dedo para o tom bélico da Jovem Pan News, capitã do "talk news" combinado com jornalismo opinativo, mas nunca vi Paulo Mathias ou Vitor Brown pedirem a palavra para denegrir a imagem de um colega de emissora. Agora, vejam só, é a CNN Brasil quem corre o risco de ser pauta do "Morning Show".

Em maio, escrevi que "o racismo não pode ser combatido com desinformação. A melhor arma contra a intolerância ainda é a lei. Quanto mais segregarmos as pessoas, mais ignorantes elas se tornarão -- e mais aderentes ao radicalismo, consequentemente. Não precisamos de um novo idioma. Precisamos, como sempre, de autoridades que trabalhem, vigiem e punam os bandidos. É mais difícil e rende menos likes do que apontar dedos por aí, mas muito mais eficaz".

Na CNN Brasil, por um punhado de likes, está liberado até segregar colegas de trabalho.