Cobertura da morte de Fidel Castro tem Frei Betto na GloboNews e luto na TeleSur
A morte do ditador cubano Fidel Castro mobilizou os canais de televisão especializados em jornalismo.
CNN e BBC encadearam programas e destacaram seus principais comentaristas para analisar imagens de arquivo e rascunhar a relação futura entre Estados Unidos, agora liderado por Donald Trump, e Raul Castro, herdeiro da ilha comunista.
A TeleSur suspendeu a programação habitual para exibir a maratona sentimentaloide "Por Siempre Fidel". Repleta de fontes confiáveis - um historiador indicado pelo governo cubano, o ex-presidente hondurenho Manuel Zelaya e as notas oficiais de Evo Morales e Nicolás Maduro -, a rede chavista fez questão de enviar um repórter ao centro de Havana, para registrar a comoção do "povo". Por alguma razão bem particular, somente turistas endinheirados procuraram o microfone da TeleSur para lamentar o óbito do "comandante".
A GloboNews, a exemplo da Globo, evitou chamar Fidel Castro de ditador. Os âncoras, correspondentes e repórteres escalados para a cobertura trataram o cubano como "ex-presidente", destacando os sistemas estatais de saúde e educação ao mesmo tempo em que contemporizavam a "mão pesada" (!) do regime contra seus opositores.
Contumaz crítico da "imprensa golpista", Frei Betto bateu cartão em quase todos os boletins da GloboNews. Na edição das 15 horas, creditou a Fidel o dom de ser o último grande líder a sobreviver "ao êxito da própria obra". A esquerda brasileira, parece, ficou mesmo estacionada em 1959.
Alheia ao sentimentalismo das concorrentes, a BandNews entrevistou a professora cubana Maria Ileana Iglesias. Perseguida pelo regime castrista, ela denunciou a intolerância de Fidel ao matrimônio LGBT, a ausência de liberdade de imprensa e o desrespeito aos direitos humanos. Narrou fatos, não contou histórias. Claudia Furiati, autora da única biografia autorizada pelo ditador, também conversou com a reportagem da emissora.