"Zig Zag Arena" é sem graça, complicado e arrastado

Poucas coisas dão mais medo que a ideia de uma Globo divertida, povão, gente como a gente. Do "Esquenta" ao "Divertics", passando por "Ponto A Ponto" e "Tomara Que Caia", não faltam exemplos de programas que pretendiam ser populares, dinâmicos, e só causaram vergonha alheia ao público.

O "Zig Zag Arena" tem uma temporada inteira para se adequar, mas tem tudo para engrossar a lista acima. Fernanda Gentil, coitada, nem sabe o que fazer ali dentro. Ela é engolida pelo gigantismo do cenário, que tem muitas luzes e poucas ideias.

O primeiro bloco do game show, anunciado como grande novidade pela emissora, serviu para situar os telespectadores. O problema: ninguém entendeu muito bem o que estava acontecendo. O manual de instruções do "Zig Zag Arena" é extenso e cheio de rococós ininteligíveis. Se o "Mega Senha", que é um jogo de lógica, contasse com um tutorial extenso e xarope como esse, jamais vingaria na RedeTV!. Se o extinto "Supermarket" surgisse com algo parecido, seria liquidado pela Zelia Cardoso de Mello. Se o "Passa ou Repassa" exigisse cobertura do tipo, as tortas azedariam antes de melecar a cara dos participantes.

Os jogadores do "Zig Zag Arena", a exemplo dos telespectadores, também parecem perdidos no formato. Eles são empurrados em direção a luz como os bichinhos apatetados de "Fall Guys", que não podem ganhar R$ 30 mil em prêmios, mas pelo menos não são obrigados a ouvir os comentários de Marco Luque –Hortência e Everaldo Marques completam a equipe de transmissão, que não tem culpa de nada.

Muitos dos problemas do "Zig Zag Arena" são passíveis de correção na ilha de edição. É impossível, porém, torná-lo inesquecível. Historicamente, a Globo sempre sofreu para produzir bons games. Um erro desse tamanho, porém, há algum tempo ela não cometia.

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Em tempo: apesar dos pesares, o "Zig Zag Arena" cumpriu seu dever de liderar a audiência.