"Tá No Ar" é o espaço mais progressista - e também o mais rejeitado - da Globo
Cristina Padiglione afirmou nesta quinta-feira, em seu blog na Folha, que o "Tá No Ar" é o programa da Globo "com maior espaço para o endosso progressista".
Discutir progressismo com Cristina Padilgione é perda de tempo. Ela é progressista de carteirinha. No mesmo artigo em que elogia a militância de Marcelo Adnet, lamenta as ausências de Emir Sader - petista azeitado - e Franklin Martins - autor da célebre frase "A imprensa é livre, o que não quer dizer que é boa" - nos telejornais da Globo e da GloboNews.
Não há nada de errado na postura do "Tá No Ar". Os americanos, pluralistas de verdade, conseguem abrigar em um mesmo grupo de comunicação a ótima série "Family Guy", repleta de críticas aos conservadores, e um canal de notícias como a Fox News. Por aqui, os grupos de comunicação sofrem com as restrições econômicas criadas pelos próprios governantes e com a sanha persecutória da parcela antidemocrática da esquerda.
A resistência da imprensa militante e dos políticos censores tem base estatística. O elogiadíssimo clipe "Reaça", exibido no último episódio de "Tá No Ar", rendeu comentários entusiasmados de muitos intelectuais, mas passou despercebido pelo público. Exibido das 23h32 às 23h56, o humorístico cravou 29,3% de share. Transmitido imediatamente antes, o "BBB" consolidou 45,6% de share. Um tombo e tanto para um programa de apenas 24 minutos - e bombardeado por reprises de filmes de Record e SBT.
Nenhum programa da Globo perde 16,3 pontos percentuais de participação em um espaço tão curto. O próprio "BBB", repleto de intervalos comerciais e pressionado pela excepcional audiência de "O Outro Lado Do Paraíso", sangra menos - a diferença de share entre a novela e o reality é de 12,3 pontos percentuais. O buraco negro na grade prejudica o "Jornal da Globo", que constantemente perde a liderança às terças-feiras, e o "Conversa com Bial", que diariamente oferece boas entrevistas e debates.
Os brasileiros não são avessos ao progressismo. Eles são avessos à poltronice intelectual, à empáfia de uma elite esnobe, intransigente, que ataca e apelida de "reaça" a massa que, dezesseis anos atrás, vestia a camisa da seleção da CBF para eleger Lula.