Televisão

Não, a Globo não está falindo

Ex-jornalistas e bobos da corte disfarçados de jornalistas aproveitaram o noticiário em torno da Fórmula 1 para ventilar cenários desoladores sobre a saúde financeira do Grupo Globo. Os mais acanhados sugeriram "crise iminente". Os mais safados, "princípio de falência". Objetivamente: não há debacle no Jardim Botânico. Tampouco risco de concordata. Charles Leclerc e Max Verstappen […]

Alan Santos/PR

Ex-jornalistas e bobos da corte disfarçados de jornalistas aproveitaram o noticiário em torno da Fórmula 1 para ventilar cenários desoladores sobre a saúde financeira do Grupo Globo. Os mais acanhados sugeriram "crise iminente". Os mais safados, "princípio de falência".

Objetivamente: não há debacle no Jardim Botânico. Tampouco risco de concordata. Charles Leclerc e Max Verstappen deixarão a TV mais assistida do país, a exemplo dos jogos de Palmeiras e Flamengo na Copa Libertadores, por um problema de câmbio. Não o de trocar marchas, que deixou o Felipe Massa na mão algumas vezes na Williams, mas sim o monetário, que Paulo Guedes, o João Bidu da economia, prometia controlar em 2018.

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Direitos de transmissão, seja para futebol ou automobilismo, custam alguns milhões de dólares. Com a popularização dos campeonatos, a massificação propiciada pelas redes sociais e a profissionalização do esporte, federações do mundo inteiro inflacionaram seus passes. Na Alemanha, os organizadores da Bundesliga tiveram de tirar o pé para renovar com DAZN e Bundesliga. No Brasil, a equação é mais complicada. Na Europa, com moeda é estável e forte, descontos são sentidos na carne. Aqui, com moeda volúvel e frágil, não.

A hipótese da crise faria algum sentido se a Globo efetivamente corresse o risco de perder alguns de seus produtos para as concorrentes. A realidade, entretanto, é desoladora. A Band tem a expertise desejada pela Liberty Media, só não possui o dinheiro. No caso da Copa Libertadores, a única interessada é a RedeTV!, que outro dia saiu do ar em pleno horário nobre por problemas técnicos. Record e SBT, cada vez mais distantes da ponta, preferem investir em jornalismo, enquanto a TV paga, até outro dia fora da jogada, e o streaming crescem sem parar. Os patrocinadores desses eventos tolerarão um ou dois anos fora da maior vitrine de um país de dimensão continental? O case Londres 2012 diz tudo.

No esporte TV aberta, a Globo é como Lewis Hamilton: pode correr com três rodas e vencer corridas. E não existe WhatsApp capaz de alterar esse panorama.