A edição online da revista Meio & Mensagem cravou nesta quinta-feira o fim da passagem da Fórmula 1 pela Globo. A reportagem, assinada por Bárbara Sacchitielo, explica que a emissora quis revisar o valor dos direitos de transmissão, mas não chegou a um acordo com a Liberty Media, proprietária do campeonato.
Antes que os bolsonaristas saiam por aí pintando a falência do Grupo Globo, é importante que se registre: não há crise econômica no Jardim Botânico. Há crise econômica em todo o mercado. A pandemia custou muito caro às emissoras de televisão. Do SBT, que tem grade mais modesta, à Band, que neste ano apostava nos Jogos Olímpicos para fortalecer várias de suas marcas, todos perderam receita publicitária.
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Como desgraça pouca é bobagem, as empresas de comunicação brasileiras estão enfrentando uma segunda debacle, esta de inspiração local. A desvalorização do real em relação ao dólar fez com que o investimento em esportes e entretenimento internacional ficasse quase proibitivo. A Fórmula 1, que ensaia saída da TV aberta brasileira, mantém seus contratos em dólar, exatamente como a Conmebol, que agora corre contra o tempo para exibir a Copa Libertadores em outro lugar. Com a cotação da moeda americana beirando R$ 6, quem fica com o abacaxi nas mãos para descascar é o departamento comercial. O que a economia reserva para 2021?
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Do ponto de vista mercadológico, a Fórmula 1 não deixa a desejar. Suas cotas custam quase R$ 100 milhões e são vendidas com facilidade. A audiência, claudicante nos últimos anos, começou a subir. Em julho, as corridas disputadas no Red Bull Ring e em Hungaroring cravaram 8,4 pontos de média e 25,1% de share em São Paulo. Em números absolutos, quase 4 milhões de paulistas da região metropolitana foram atingidos por Lewis Hamilton e companhia. É muito consumidor. Tanto para a TV como para a Liberty Media, conforme destaca o Grande Prêmio neste estudo global a respeito da audiência da Fórmula 1.
O colunista Flavio Ricco, do R7, escreveu em julho que a Band poderia ser o destino da Fórmula 1 no Brasil caso Liberty Media e Globo dessem prosseguimento ao divórcio. Seria, do ponto de vista esportivo/jornalístico, um retorno às origens dos mais interessantes. Infelizmente, é sabido que, no Brasil, quase ninguém tem dinheiro sobrando para honrar os valores sugeridos. E, mesmo que o prejuízo financeiro fosse revertido, haveria a redução de alcance. Uma equação insolúvel.