Quem é o telespectador da Fórmula 1 na TV aberta?

Foto Pirelli/LAT Imagens

O fim da parceria entre a Fórmula 1 e a Globo deixará, pelos números mais recentes da Kantar Ibope Media, mais de 36 milhões de telespectadores órfãos.

Em julho, três corridas da categoria mais desejada do automobilismo foram exibidas em rede nacional. Individualmente, elas alcançaram 16,6 milhões de brasileiros espalhados nas 15 regiões que integram o PNT. Coletivamente, a arquibancada dobra de tamanho: 36,2 milhões.

Desses 36,2 milhões de telespectadores, cerca de 13 milhões integram as classes A e B. Esse contingente justifica o enorme sucesso comercial da Fórmula 1 no Brasil. Para este ano, como assinala o Grande Prêmio, o faturamento com as cotas de patrocínio beirou, seguindo a tabela integral, meio bilhão de reais. É basicamente o faturamento da RedeTV!. Uma dinheirama que seria muito bem-vinda se o dólar não custasse quase R$ 6.

Como explico aqui, a crise econômica não é da Globo. É do mercado. A pandemia custou muito caro às emissoras de televisão. Do SBT, que tem grade mais modesta, à Band, que neste ano apostava nos Jogos Olímpicos para fortalecer várias de suas marcas, todos perderam dinheiro. Nesse cenário de perdas e incertezas, até a Conmebol, que também precifica em dólar os direitos de transmissão, corre o risco de voltar para os boxes a pé -- a Globo já desistiu da edição 2020 da Copa Libertadores.

O colunista Flavio Ricco, do R7, escreveu em julho que a Liberty Media, dona dos direitos de transmissão da Fórmula 1, tinha interesse em abrir negociação com a Band, que exibiu corridas de Fórmula 1 da geração de Nelson Piquet. O galho na eventual negociação é, evidentemente, financeiro. Se a Globo, líder de audiência e faturamento, é vítima do câmbio maluco do Brasil, a Band também é. A Record tem dinheiro para investimentos robustos, mas não exibe automobilismo desde 2003, quando a Champ Car voltou para a RedeTV! e jamais deixaria de exibir os programas da Igreja Universal para exibir corridas na China e no Japão.