A TV Cultura teria de paralisar boa parte de sua programação e reduzir brutalmente a força de trabalho caso adquirisse os direitos de transmissão da Fórmula 1.
O Teleguiado examinou o orçamento da Fundação Padre Anchieta, mantenedora da emissora pública, para 2020. De acordo com o projeto de lei aprovado pela ALESP em dezembro, o Tesouro do Estado destinaria R$ 102.331,995 para o custeio de salários, encargos e outras despesas da emissora. Outros R$ 45.957,159 surgiriam de receitas próprias – leia-se: prestação de serviços, licenciamento de marca e publicidade.
Imaginando que a Liberty Media exigiu da Rio Motorsports, sacada das negociações nesta quarta-feira, os R$ 118 milhões que a Globo não quis pagar no meio do ano, a temporada 2021 da categoria consumiria 79,5% do dinheiro estimado pela instituição em 2020 – o Estado tem a prerrogativa de contingenciar os recursos oriundos do Tesouro.
O interesse da Fundação Padre Anchieta pela Fórmula 1 causou mais estranheza ao mercado que a chegada da Copa Libertadores ao SBT. Com alcance reduzido e ibope abaixo de 1 ponto em São Paulo, o departamento comercial da TV Cultura penaria para faturar uma fração dos R$ 98,8 milhões cobrados pela Globo, que é líder de audiência no país inteiro e amealha de 8 a 12 pontos de audiência nas corridas matutinas. Não bastasse o fator financeiro, havia ainda o político: por que diabos o Governo do Estado de São Paulo seria parceiro do grupo que desejava mandar para os ares o GP de Interlagos?
Em tempo: Globo e Liberty Media repararam que a ruptura era ruim para as duas partes e estão negociando um novo contrato. A informação é do Grande Prêmio.