André Henning pode gritar: o Esporte Interativo foi grande

O Esporte Interativo, como todos já sabem, acabou. A Turner desativará seus três canais dentro de cinco semanas, encerrando a história de uma empresa que, em pouco mais de uma década, saiu da condição de cliente da RedeTV! para a primeira página do portfólio da Turner - a gigante americana, agora parceira da AT & T, desembolsou, em 2015, quase meio bilhão de reais para assumir o controle da rede e outros muitos milhões para adquirir os direitos da Champions Legue e de parte da Série A do Brasileirão.

A notícia é triste, mas nada chocante. A tardia busca por talentos dos concorrentes não alterou os hábitos dos velhos telespectadores. Até o SporTV 3, entregue ao vôlei e ao automobilismo mais segmentado, era mais sintonizado que o EI MAXX/Esporte Interativo. As ofertas dos pacotes on demand, para consumo nas bem-sucedidas plataformas digitais da marca, também contribuíram para a arrebatadora sequência de zeros na audiência.

A chegada do streaming, a retração da TV paga e o avanço da TV aberta incutiu nas programadoras a demanda por noticiário em tempo real e eventos esportivos ao vivo. A fórmula, de muito sucesso EUA, é vista como esperança no mercado brasileiro, desde sempre dominado pelo competente Grupo Globo, mas só decepcionou quem tirou o escorpião do bolso. O canal Sony, potência dos anos 2000, adquiriu os direitos do WTA prometendo uma grande revolução. Tornou-se a grande decepção dos fãs de tênis e caiu ainda mais no ranking do ibope.

Descartado em meio às incertezas do mercado e da calejada economia brasileira, o Esporte Interativo deixa a ousadia como grande legado. Complicar as planilhas da Globo, gabaritar profissionais do nível de Rafael Oliveira (hoje na ESPN) e valorizar a Copa do Nordeste, pouco valorizada no passado, são alguns highlights dessa formidável trajetória.

André Henning pode gritar sem medo: o Esporte Interativo foi grande.