Márcia Tiburi, Kim Kataguiri e o debate das ideias uníssonas

Melhor que o piti de Márcia Tiburi no estúdio do "Esfera Pública" é a cartinha que ela escreveu para justificar o não-debate com Kim Kataguiri, integrante do MBL.

A filósofa explica a Juremir Machado, apresentador do primeiro barraco radiofônico de 2018, que tem muito prazer em desnudar divergências ideológicas e combater o protofascismo, só que sua produção teórica a impede de participar de programas que demonizam pessoas, espetacularizam a informação e promovem discursos vazios.

"Meu estômago não permitiria, em um dia no qual assistimos a uma profunda injustiça (a condenação em segunda instância do ex-presidente Lula), ouvir qualquer pessoa que faça disso motivo de piada ou de alegria. Não sou obrigada a ouvir quem acredita que justiça é o que está em cabeças vazias e interessa aos grupos econômicos que, ao longo da história do Brasil, sempre atentaram contra a democracia", explicou.

Agora que não é mais funcionária do GNT, canal do paupérrimo Grupo Globo, é compreensível que Márcia Tiburi passe tanto tempo repetindo baboseiras sobre o capitalismo. Para muita gente da esquerda, o valor mais importante está impresso nos contra-cheques, não nas bibliotecas. O que não é compreensível é o trololó sobre democracia e debate de ideias.

Muito antes da explosão das redes sociais, Umberto Eco escreveu na Folha de São Paulo que os protofascistas eram, a exemplo dos sincretistas, incapazes de suportar críticas. Enquanto a cultura moderna reverenciava o desacordo, a cultura sincretista das elites tratava a distinção de ideias como traição. Pecado.

A esquerda representada por Márcia Tiburi não tem nada de diferente da trupe intolerante descrita pelo escritor e filósofo italiano. Incapazes de dialogar, esses pensadores de meia pataca, que não aguentariam 15 minutos de discussão no "Superpop", inventam mentiras e assassinam reputações de rivais para substituir o diálogo pelo monólogo.

O Brasil que essa gente quer não é democrático. É monotemático. É uníssono.