A demissão de Tiago Pavinatto, publicada em primeira mão pelo TV Pop, não surpreendeu a redação da Jovem Pan.
Fontes ouvidas pelo Teleguiado garantem que o ato de indisciplina no "Linha de Frente" de ontem passaria em branco se Pavinatto não jogasse a Jovem Pan no óleo quente. Com os programas da Oeste crescendo no YouTube, a última coisa que Tutinha e os demais executivos procuram é um apresentador que vá a público falar que é pressionado a pedir desculpas por ordem deles. Para o espectador de direita mais estridente, manifestações como a de ontem são vistas como submissão ao progressismo e ao establishment. Um pecado mortal para quem acredita que o bolsonarismo é a porta de entrada ao paraíso.
Não bastasse a preocupação com a percepção do público mais tradicional da emissora, que crê em Bolsonaro e tudo o mais, a direção da Pan corre contra o tempo para refazer pontes com o governo federal --os repasses publicitários foram zerados-- e o Poder Judiciário. Existe um trabalho de consultoria para melhorar a imagem do jornalismo da Jovem Pan com esses dois entes. A intenção do conglomerado não é virar a casaca e aderir ao petismo, mas sim ser visto como um veículo liberal, que faz jornalismo crítico sem perder o tom amistoso. O tom das críticas de Pavinatto ao desembargador Airton Vieira desobedece esse escopo "paz e amor" planejado pela empresa, que até outro dia tinha o Ministério Público no pé.
No Twitter, Pavinatto voltou a provocar a Jovem Pan. Disse que não havia sido demitido, mas sim que preferia "perder o contrato a perder a decência".
"Eu jamais, JAMAIS, pediria desculpas por me revoltar contra um desembargador que inocentou um pedófilo septuagenário argumentando que a criança estuprada era vagabunda e drogada. Não fui demitido [a nota da Pan fala em desligamento]: disse, com paz de espírito, que preferia perder o contrato a perder a decência".
A Jovem Pan não repercutiu a crítica de seu ex-contratado.