Muita gente ficou "de bico" com o Teleguiado por causa do texto "Futebol Feminino derruba a audiência da Globo em 43%". Alguns enxergaram misoginia na postagem. Outros, maldade "de direita". Não sabia que a matemática era misógina. E má. E de direita.
Eu poderia escrever que nunca antes na história desse país uma partida de futebol feminino atingiu tanta gente como no último domingo, mas tenho duas mãos, dois olhos e compromisso com a realidade. Tudo o que é exibido na Globo dá mais audiência que SBT, Record e Band. Até colorbar. A comparação cabível era exatamente a apresentada no meu post. Isso é o básico do básico. Quem ignora isso ou é tapado, ou acha que jornalista é romancista ou só quer os tapinhas nas costas da esquerda ilariê, que politiza e impopulariza tudo o que toca.
O jornalismo especializado em entretenimento nunca foi grande coisa, mas piorou muito de uns anos pra cá. A ascensão das redes sociais e dos influenciadores produziu uma casta de colunistas de quinta categoria. O que mais temos nas redações hoje são cidadãos que produzem notícia a partir do interesse das fontes. Quase tudo que se lê hoje é release ou recado. Claro. Jornalistas precisam se articular e colocar o pé no barro para obter informações. O que estou dizendo é que hoje ninguém se dá ao trabalho. Tudo chega pelo celular. Não acho, por exemplo, que os entusiastas do circuito de Deodoro, aquela porcaria idealizada por Jair Bolsonaro, emplacariam tantas pautas positivas na imprensa 15 ou 20 anos atrás, quando o jornalismo ainda era praticado por gente da área.
Alguns jornalistas entendem que o legado da profissão é o merchandising social. Isso é pretensão feat. estupidez. Jornalismo é constatação, não ficção. Quem quer mudar o mundo em vez de retratá-lo deve pedir demissão da redação e ir trabalhar com a Glória Perez. Ou batalhar uma vaga nas agências de publicidade. Nada afugenta mais o público do que a pretensão jornalística de ensinar o que é certo e o que é errado. A direita populista entendeu isso tão bem que produziu um cordão de isolamento entre a imprensa e a sociedade. Insistir nessa lógica é chutar a bola pra longe do gol.