O F5, site de entretenimento da Folha, publicou nesta tarde uma "reportagem" -- infeliz aquele que passa quatro anos na faculdade para escrever esse tipo de coisa -- denunciando uma apropriação cultural praticada por Patrícia Poeta. A fonte do crime cometido pela jornalista? O internauta "vomitinho". Não, você não leu errado: o "vomitinho" pauta um dos maiores jornais do país.
"'A Patrícia Poeta de quimono. Essa mulher é uma máquina de vacilos', publicou uma internauta chamada Dani Fioravanti. 'Patrícia Poeta usando quimono, e aí eu fico me perguntando: estamos em 2021, será que não tem ninguém na Globo para falar que apresentar um programa de quimono não seja uma boa ideia?', indagou outro cujo nome é Vomitinho", ilustra o autor ou a autora do digníssimo candidato ao Prêmio Esso 2021.
Apropriação cultural, pra quem não sabe, é problema social das classes A, AA e AAA. Gente normal, que apanha ônibus lotado em plena pandemia e é obrigada a trabalhar correndo riscos não faz a menor ideia do que é isso. Antigamente, os ricos sentiam culpa do próprio dinheiro e inventavam umas palavras de ordem para fingir revolta com a própria condição privilegiada sem colocar a mão no bolso. Cansados da mesmice da culpa católica per capita, eles inventaram essa lorota de que roupas, penteados e demais hábitos estrangeiros não podem ser replicados em um ambiente globalizado. Como sempre, só o jornal que exibiu anúncios de tratamento ineficaz contra a Covid-19 compra essas besteiras. Como é cosmopolita replicar os anseios do Alto de Pinheiros!
Com prioridades editoriais como essas, não surpreende ninguém a quantia de leitores trocando os jornais de verdade pelos abilolados do WhatsApp. Loucura por loucura, melhor consumir a gratuita.
Não é de hoje que o noticiário da Folha causa engulhos.