O Brasil empatou com a Jamaica e caiu na primeira fase da Copa do Mundo Feminina. Era previsível.
Alguns sites ficaram batendo bumbo para a audiência dos jogos da seleção feminina, como se os 15 ou 16 pontos de média representassem algo heroico --mostrando ônibus atrasados no Terminal Capelinha a Globo dá quase 10 com o "Bom Dia SP". Dar 16 pontos com um evento que quase sempre dá 40 é sinal de desinteresse, ainda que os negacionistas da estatística pensem diferente. Basta lembrar que até Argentina x Arábia superou o ibope de alguns compromissos da equipe comandada por Pia Sundhage.
O desinteresse pela seleção feminina, muito menos popular que a masculina, vai além da falta de taças. Ela está diretamente ligada ao tratamento social dirigido ao esporte. O trabalho de Marta e companhia deixou de ser analisado pelo prisma da bola há anos, dando lugar ao chatíssimo discurso da diferença salarial entre ela e Neymar. Quando não se fala em dinheiro, que pelo menos é um valor tangível, o papinho se estende a outros temas, como machismo, discriminação e fascismo. Você pode explicar para o espectador do futebol masculino o que faz o futebol feminino ser diferente dentro de campo, mas dificilmente convencerá ele a passar quase 120 minutos sendo chamado de selvagem e ignorante.
Toda essa sociologia de botequim corroeu o jornalismo esportivo. A imprensa esportiva, viciada em tratar nossas talentosas jogadoras como calouras do "Xou da Xuxa", preferiu mais uma vez evitar a análise técnica do insucesso desta quarta-feira. Ao defender que "se estrutura fosse sinônimo de sucesso, a gente teria 22 títulos no masculino", Fernanda Gentil dobra a aposta em direção ao "as meninas perdem por falta de apoio", como se elas carregassem o peso do mundo em seus ombros.
O esporte dá muito mais certo quando é tratado como esporte. Essa militância política "Olga de Castro" (se você não sabe quem é Olga de Castro, clique no player abaixo) destruiu até o "Big Brother Brasil". Por que construiria algo para o futebol feminino?