Jornais não podem terceirizar a checagem das notícias

O jornal "O Globo" comentou, em editorial, a decisão do Facebook de abolir notícias e posts de política da timeline dos usuários.

"Na verdade, falta à empresa de Zuckerberg seguir o jornalismo profissional: apurar, checar, consultar todos os envolvidos na história, rechecar e publicar. A fórmula é conhecida e praticada há tempos, mas não cabe no Face".

As empresas de comunicação têm razão quando criticam a relação do Facebook com o "jornalismo profissional". A rede social impulsiona, sem critérios, qualquer conteúdo informativo. Basta o pagamento de um boleto. A responsabilidade sobre a checagem dos fatos, no entanto, é problema de quem entrega a informação.

Os portais e jornais online aceitaram passivamente a vulgarização da informação proposta por Zuckerberg. Trocaram a apuração pelo imediatismo. A credibilidade pelo buzz. Nem a técnica da pirâmide invertida, criada para facilitar o entendimento da notícia, é respeitada mais. Quem apura é a redação. E fact-checking é perfumaria para jornalismo marrom.

Os veículos de comunicação - você imagina um ônibus da Fox quando lê "veículos de comunicação? Eu também! - precisam resgatar a própria reputação antes de apontar o dedo para redes sociais ou hackers russos. Sem a confiança do público, é impossível diferir o que é certo e o que é boato, o que merece like e o que merece report as spam.