Memória: como a imprensa era tratada pelo PT antes da chegada de Bolsonaro

Gabriela Biló, fotojornalista autora do tiro no coração de Lula (e pensar que, meses atrás, a esquerda caçoava do cadáver fictício de Jair Bolsonaro em “A Fúria”...), recebeu cartão vermelho da Secom e cartão amarelo de boa parte da imprensa. As necessárias notas de repúdio de repórteres, editorialistas e âncoras deram espaço para variações de "É muito feio perseguir os outros, mas, né, a foto era mesmo de mau gosto" e "A Folha errou, mas por que essa misoginia? Meninos feios!".

Quem vem a público recomendar que a militância petista não siga o exemplo da militância bolsonarista só pode ter algum problema de memória. O gabinete do ódio não é invenção de Carluxo —ele é palerma é desequilibrado demais para criar qualquer coisa. O bolsonarismo é aluno do petismo quando o assunto é pixotadas na imprensa.

Em 31 de outubro de 2006, lulistas atacaram repórteres de Veja e Jornal Nacional com bandeiradas. Marco Aurélio Garcia, braço direito de Lula, preferiu contemporizar o caso, cobrando dos veículos a verdade sobre o mensalão. Nem Reinaldo Azevedo, a Luiza Ambiel do terceiro turno do lulismo, admitiu a carteirada, pontuando que o sistema político tenta inutilmente "civilizar o canibalismo petista".

Avancemos a fita. Quando Sergio Moro mandou Lula se entregar à Polícia Federal, em 2018, as equipes da Globo atuaram sem canoplas nos microfones, a fim de evitar agressões de militantes. A Band, preocupada com a integridade física de seus funcionários, repetiu a tática. Ao todo, sete jornalistas de diferentes veículos receberam tapas, latinhas de cerveja e outros carinhos da militância. A Abraji emitiu nota lamentando os ataques. Os sindicatos, partidários até o último fio de cabelo, preferiram culpar as empresas de comunicação, alegando que a vacina para a violência era o endosso ao coro "Lula Livre".

Poderia citar ainda a quase cassação do visto de Larry Rother, jornalista do NYT, os comícios de Lula contra a Globo e as grosseiras que Paulo Henrique Amorim, mentor de Reinaldo Azevedo, despejava sobre Miriam Leitão. Exemplos não faltam. O que costuma faltar é razão.