Catraca Livre é o Louro José da Fátima Bernardes
O Catraca Livre é o Louro José de Fátima Bernardes. Enquanto o Louro José original conta piadas e ajuda a Ana Maria Braga a cozinhar, a versão do Baixo Augusta bebe catuaba e espalha mentiras sobre personalidades queridas pelas classes C, D e E.
Convidado a opinar sobre assédio sexual, tema do "Encontro com Fátima Bernardes" de quinta-feira, o cantor Luiz Carlos, do Raça Negra, disse que os pais devem prestar mais atenção na roupa das filhas adolescentes para protegê-las dos estupradores.
"Hoje você vê uma menina de 12 anos que quer se portar como uma mulher, mas ela é uma criança. Então, a gente tem que prestar atenção e dizer: 'minha filha, não achei legal essa roupa. Vai pra escola assim? Na escola você acha que esse batom vai significar o que? Quando você for sair numa festinha você bota um batom'", exemplificou.
O jornalista Lair Rennó, presente no debate, não gostou da posição do pagodeiro. Disse, no conforto do ar-condicionado do estúdio da TV, que o assediador deve ser preso e aprender a respeitar as mulheres. Continua desconhecido para assediadores e assediadas, mas recebeu os parabéns da equipe do Catraca Livre, que também adora patrulha de meia-pataca e ar-condicionado geladinho.
Qualquer palerma sabe que o conselho de Luiz Carlos não tem nada de machista. É apenas a manifestação de uma pessoa simples, que tem contato com a realidade urbana e, por isso, prefere ser mais cuidadosa. Quem diz que Luiz Carlos culpou as meninas pela pedofilia é desonesto. Quem publica que as declarações do cantor causaram revolta nas redes sociais é desonesto e irresponsável – a revolta, se existiu, ficou restrita às redes sociais dos caçadores de cliques.
O Catraca Livre não está preocupado com o machismo ou a escalada do assédio sexual. Está preocupado em dar a última palavra nos debates sociais. Incapaz de estabelecer laços com as camadas menos instruídas da população, tenta minar a imagem dos artistas que não aceitam os ensinamentos da cartilha.
Na festinha do Catraca Livre, cada um entra com a roupa que bem entender. Só não pode pensar diferente.