Comédia nacional "Os Farofeiros" é criticada por ser lucrativa

Quem estranha a inoperância da indústria cultural brasileira precisa ler o quanto antes a crítica de Susana Schild, cinéfila de "O Globo", para a comédia "Os Farofeiros".

Ex-aluna da Escola de Comunicação da falida UFRJ, Susana Schild reclama dos berros dos personagens - tivesse frequentado uma faculdade menos elitista, provavelmente saberia o significado de 'farofeiro' - e da preguiça da equipe de produção, que prefere não mexer "em time que está ganhando na bilheteria" - o longa é o 2º mais visto do país, atrás apenas do fenômeno "Pantera Negra".

O cinema brasileiro não está preparado para entregar um "O Poderoso Chefão", um "Apocalypse Now". Tem, entretanto, musculatura para oferecer boas comédias de apelo popular. Da mesma maneira que as séries americanas demoraram cinco décadas para produzir séries de qualidade a toque de caixa, os estúdios americanos demoraram um bocado para enfileirar dramas, romances e musicais de encher os olhos. O processo é tortuoso e totalmente dependente do apreço do público, personagem quase sempre ignorado pelos estúdios.

Os críticos de cinema do Brasil, a rigor, não estão interessados na qualidade dos filmes. Estão preocupados com o vivíssimo risco de perderem a conveniente boquinha do circuito artístico. Para essa casta, que de intelectual só tem a pompa, disputar recursos e financiamento com equipes capazes de superar blockbusters americanos é praticamente a pena de morte. Daí o interesse em tirá-los de campo.