**texto originalmente publicado em dezembro de 2015;
A Associação Paulista dos Críticos de Arte divulgou no início de dezembro a lista dos melhores da televisão em 2015.
Único sucesso de audiência da Globo de Televisão" href="https://teleguiado.com/topicos/globo/" target="_blank" rel="noopener">Globo, "Verdades Secretas" recebeu os prêmios de melhor novela, melhor direção (Mauro Mendonça Filho) e melhor atriz (Grazi Massafera). Indicado na categoria melhor ator, Juca de Oliveira acabou superado por Alexandre Nero, protagonista de "A Regra do Jogo", a novela com a polícia mais incompetente desde "As Aventuras de Tintim".
Não é preciso assistir muita televisão para saber que Grazi Massafera conseguiu, no máximo, evoluir em relação aos últimos trabalhos na televisão. Caricata, a personagem Larissa tentou, na base do grito, transparecer o sofrimento dos viciados. Nada muito diferente da "Sessão do Descarrego", que a Record TV" href="https://teleguiado.com/topicos/record/" target="_blank" rel="noopener">Record exibia nas madrugadas dos anos 1990.
Também não é necessário muito conhecimento para examinar a baixa qualidade do texto de Walcyr Carrasco. Os diálogos eram imaturos, espalhafatosos, didáticos e exageradamente infantis até para os padrões do 'formula show', formato mais rampeiro da TV americana. E as tramas consideradas ousadas só garantiam sustentação pela burrice colossal da personagem de Drica Moraes. Ou seja, esforço criativo nulo.
Os críticos de arte da APCA não notaram os simples pontos levantados nos parágrafos anteriores por uma razão ainda mais simples: não são, em sua maioria, críticos.
Cristiana Padiglione, Flavio Ricco e José Armando Vanucci são três jornalistas muito bem informados. Abastecem, injusta e indiretamente, centenas de sites de profissionais (?) que acham normal copiar notas dos outros sem creditar – a internet, não vai demorar muito, sofrerá com a falta de conteúdo original. Mas não são analistas. Carregam como expertise a informação, não a opinião. Podem comentar produtos, índices de audiência, mas de forma informal.
O Brasil tem um fetiche insuportável pela alta cultura. Se realmente deseja produzir grandes peças, filmes, novelas, séries, precisa levar a sério o papel da crítica. Não vamos alcançar objetivo algum enquanto não entendermos que a função do analista é atacar, provocar, desconstruir – e não há influência pessoal nesse expediente. Críticos criticam. E gritaria não é arte.