Televisão

A difícil estreia do Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC

Estreou domingo mais uma rede de jornalismo na TV a cabo. Trata-se da Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC. A emissora, que nem aparece nas pesquisas de monitoramento da Kantar, chegou ao mercado com um power point cheio de nomes de comentaristas, um material institucional narrado por Carlos Nascimento e uma boa entrevista de Fernando […]

Estreou domingo mais uma rede de jornalismo na TV a cabo. Trata-se da Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC. A emissora, que nem aparece nas pesquisas de monitoramento da Kantar, chegou ao mercado com um power point cheio de nomes de comentaristas, um material institucional narrado por Carlos Nascimento e uma boa entrevista de Fernando Haddad a Christiane Pelajo. Como qualquer estreante, recebeu mais críticas do que elogios --se a RedeTV!, em 1999, tomou bomba da imprensa exibindo "Kramer Vs. Kramer" às 15h30, por que seria diferente com um canal pago de notícias que prometia tanto?. E é sobre as críticas (e a aversão a elas) que discorrerei nos próximos parágrafos.

Abrir um canal de notícias no Brasil é como inaugurar outra loja da OXXO no centro de São Paulo. O mercado jornalístico está tão saturado quanto o mercado de conveniências de bairro. A diferença é que as pessoas ainda consomem Coca-Cola e biscoito Club Social.

Em outubro, GloboNews, Jovem Pan News, CNN Brasil e BandNews somaram 0,21 ponto de audiência no Painel Nacional de Televisão. Isso representa 0,62% da audiência total das TVs. Nem a TV Brasil, aquela do governo federal, é tão ruim de público: ela dá 0,23 ponto, com 0,68% de participação no universo geral. O que leva o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC pensar que mais pessoas vão ligar a televisão para consumir jornalismo? Mais grave: o que ela pode oferecer de grandioso entre dezembro e janeiro, quando GloboNews, CNN Brasil, BandNews e Jovem Pan News lambem o chão do ibope?

Se a Oxxo exibe abaixo do letreiro das lojas uma orientação sobre a pronúncia correta da sua marca, o Times Brasil tem um trecho de Os Lusíadas como complemento. Eu não sei quem achou boa ideia trazer a marca CNBC ao Brasil. Ninguém conhece essa empresa aqui. Ficar exibindo esse "licenciado exclusivo CNBC" com orgulho é como gastar um dinheirão comprando um carro conversível da Peugeot. Você não está pagando de bonzão. Está só passando vergonha. "Times Brasil", outra porcaria de nome, funcionaria melhor em carreira solo. Ficaria no mesmo limbo de BM&C.

A iluminação capenga do Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC Vende-se Monza 1992 Único Dono / Carro de Garagem é outro ponto imperdoável. Nem a CNT Maringá erra nesse ponto. A penumbra deve atrapalhar até os cinegrafistas e os apresentadores. Mesmo a Jovem Pan, que estreou com aqueles estúdios com pé direito super baixo, conseguiu resultados melhores. Ninguém da nova TV sabe o que é pré-light?

Em nota, o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC admitiu as falhas do primeiro dia, mas atribuiu a má repercussão na e nas redes sociais imprensa aos "haters".

"O 'Times Brasil, licenciado exclusivo CNBC' foi alvo de haters na internet desde o dia da estreia – confirmado por empresas de tecnologia –, o que gerou comentários nas redes sociais e matérias na imprensa. O foco, sem dúvida, foi tentar reduzir o impacto da estreia junto ao público e ao mercado", escreveu o canal.

Pelo jeito, não é só no estúdio do Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC Já Vendemos o Monza que falta luz.