Pablo Marçal é o novo contratado do SBT --é o que ele diz, pelo menos. Flavio Ricco, colunista mais famoso do mercado, aponta o "Casos de Família" como destino do coach. E pensar que tudo isso começou com Jerry Springer...
A aposta do SBT em Pablo Marçal é baseada em números, e não em fatores políticos ou religiosos. É dele, em 2024, os recordes de audiência do "Roda Viva", do "É Notícia" e da TV Gazeta. Ter 1,7 milhão de votos na eleição paulistana concorrendo pelo nanico PRTB é marcante. Fazer a RedeTV! dar quase 1 ponto de pico contra "Jornal da Globo" e "A Praça É Nossa" é muito mais. O canal paulista não está interessado no cara que recebeu uma cadeirada de José Luiz Datena. Está interessado no cara que faz milhares de espectadores trocarem a Globo, o YouTube e a TV Paga (ou o que resta dela) por atrações que flertam com o traço. A questão é: ele é capaz de executar essa mágica em 2025, sem o pano de fundo da disputa eleitoral?
Pablo Marçal não é o primeiro político bom de ibope do Brasil. Paulo Maluf era disputado a tapas e pontapés pelas produções de Raul Gil e Hebe. Enéas Carneiro, já falecido, garantiu ao "Pânico na TV", em 2005, picos de 13 pontos quando ajudou Sabrina Sato a cruzar dois balões na série "Lingeries em Perigo". Eles não tiveram o mesmo destino de Marçal porque a política só se fundiu ao entretenimento na década passada, com a popularização das redes sociais e o sucateamento da imprensa. Se existisse Twitter em 1996, o "Domingo Legal" não seria disputado entre homens e mulheres, mas entre comunistas e liberais. E a Luisa Ambiel discutiria a diferença entre o preço e o valor dos sabonetes da prova da banheira.
Pablo Marçal na TV aberta é a resposta definitiva: sim, os tempos mudaram. Sai Gugu, entra Xandão. Sai SBT, entra STF.