Os protestos da esquerda contra "O Mecanismo", série da Netflix livremente inspirada nos casos de corrupção investigados pela Polícia Federal nos últimos anos, têm a espessura intelectual dos comentários publicados por Dilma Rousseff, Fernando Haddad e Pablo Villaça no fim de semana.
A produção de José Padilha não é mesmo simpática ao PT. No entanto, os tapas e pontapés não são restritos a Lula e Dilma.
Lúcio Lemes, a versão ficcional de Aécio Neves, candidato da oposição em 2014, é chamado de bandido e alcoólatra no sexto episódio de "O Mecanismo".
A imprensa, sempre acusada de golpismo, também é retratada de maneira nada cortês. Clone da revista "Veja", a revista "Leia" é explicitamente ligada ao PSDB. A ponto de Lúcio Lemes, minutos antes de gravar um programa eleitoral, chamar o editor da publicação de "santo homem".
Se Pablo Villaça cancelasse a Netflix antes de terminar "O Mecanismo", Dilma Rousseff entendesse o que é fake news e Fernando Haddad descobrisse o significado de ficção, essa turma toda passaria muito menos vergonha. Dentro e fora da ficção.