Agência de checagem de fatos patrulha "liberdade poética" de "O Mecanismo"

Credito: Pedro Saad/Netflix

A Lupa, autointitulada "primeira agência de fact-checking do Brasil", publicou nesta semana um estudo sobre as verdades e liberdades poéticas de "O Mecanismo", série da Netflix que não agradou Dilma Rousseff, Fernando Haddad e Pablo Villaça.

Seis meses atrás, a mesma agência, sempre em nome da verdade, publicou um extenso texto sobre as omissões de "Polícia Federal - A Lei É Para Todos", outra ficção de sucesso.

Mais grave do que a análise forense de obras de ficção - "O Mecanismo" exibe um lettering na abertura de cada episódio alertando o espectador a respeito das adaptações, dirimindo qualquer possibilidade de confusão - é a patrulha ideológica sobre obras de ficção.

Qualquer aluno de 5ª série sabe a diferença entre notícia e série de TV. O desespero dos jornalistas "profissionais" em torno da popularidade de "O Mecanismo" e "Polícia Federal: A Lei É Para Todos" é fruto do desespero, da sensação de perda do controle da narrativa impressa fora das redações - muito mais poderosa e influente do que a revista Piauí ou o Catraca Livre, que adora repercutir as besteiras da Lupa.

Por fim, é importante lembrar: fact-checking não é diferencial jornalístico, muito menos sinal de credibilidade. É só uma desculpa empolada para quem publica “fake news” em troca de cliques e likes.

A apuração dos fatos, e isso é ensinado em qualquer escola de comunicação, de qualquer país, ocorre antes da publicação das reportagens. O webjornalismo tupiniquim abriu mão dessa regrinha básica. Prefere publicar todos os absurdos pendurados nas redes sociais e, três horas depois, retificar as barbaridades.