A Globo quis homenagear as novelas, surfar a onda dos influenciadores digitais e quebrar o YouTube com a estreia de "Novelei". Conseguiu falhar miseravelmente em todas as frentes.
Quem consegue assistir aos trinta e poucos minutos do primeiro capítulo da trama, que reduz a lixo atômico a melhor cena de Odete Roitman em "Vale Tudo", começa a torcer para o "misterioso caso de desaparecimento de novelas" que permeia a história protagonizada por Paulo Vieira, outra vítima dessa desgraça, se tornar realidade. Nem "Sabor de Paixão", péssima novela das seis de 2002, merece a desonra de ser citada no projeto que, repito, nasceu para celebrar os 70 anos do filé mignon da Globo.
O problema de "Novelei" não é a falta de referências. Ao contrário. Dinheiro e atenção não faltaram aos produtores. O que faltou foi estrutura. O espectador, coitado, é metralhado com cenas rápidas que podem fazer sentido nas redes sociais dos ilustres famosos de hashtag, mas não pra quem dá bola pro assunto. As piadas inexistem, o que é imperdoável para um programa de humor. Jogam tudo na simpatia de Paulo Vieira e, nesse vale tudo, seja o que Deus quiser -- nem um trocadilho safado, como esse que eu fiz, aparece por lá.
Faz tempo que a Globo tenta soar jovem e moderna. É um projeto ruim do ponto de vista comercial e caduco sob a régua da audiência. As últimas novelinhas modernas da emissora perdem de lavada para a horrorosa "Pantanal", que está atravancada há meses e não deixa de marcar 30 pontos de média em São Paulo. O espectador pode gostar de vídeos clipados, histeria e alguma loucura na telinha do smartphone, mas espera algo mais do plim-plim.
Se "Novelei" fosse uma produção da RedeTV!, e Deus é testemunha que nem ela faria algo assim, a internet estaria caindo de pau em Marcelo de Carvalho e Amilcare Dallevo Jr.