O Ministério Público está por dentro da programação das TVs. Nesta quinta-feira, com exclusividade, Maurício Stycer revelou que o SBT e a Record receberam notificações "por conta da falta de diversidade racial em seus programas e, também, em seus quadros funcionais".
"Os canais de TV aberta exercem um papel muito particular na formação e afirmação de alguns estereótipos", explicou ao jornalista a procuradora Valdirene Silva de Assis, titular da Coordenadoria Nacional de Promoção À Igualdade e Combate À Discriminação no Trabalho.
A polêmica racial na TV aberta teve início semanas atrás, quando o Ministério Público do Trabalho comprou a tese de um site e decidiu que os brasileiros estavam irritadíssimos com a escassez de negros em "Segundo Sol". Não estavam. Nem nunca estiveram. Tanto que a audiência da novela está na faixa dos 30 e poucos pontos.
É fundamental combater o racismo e a promover a igualdade dentro e fora das empresas. A sanha regulatória tupiniquim, entretanto, passa longe dos pilares da exclusão social: oferta de educação básica, distribuição de riqueza (esqueça a distribuição de renda; o Brasil precisa crescer antes de repartir o bolo) e acesso a programas adequados de saúde pública. Problemas sérios, que não são resolvidos em um capítulo de novela.
Censura não é ferramenta de transformação social. É apenas a porta de entrada para novas e maiores distorções.