Marcas democráticas não censuram obras alheias, Multishow

O Multishow tentou explicar o corte da piada "O Batman não está, porque está em lua de mel com o Robin", presente no episódio "O Descobrimento da Tribo Perdida".

"Estamos cientes das críticas e ainda vamos acertar e errar, mas sempre na tentativa de fazer o melhor. É vivo, uma troca, não é uma decisão única. Estamos aqui para discutir juntos, ajustar também com os fãs. Em algumas piadas, realmente existe um cunho homofóbico, mais machista. Nos anos 70 isso era mais comum, mas hoje, felizmente, estamos em outro momento. Vamos entendendo o limite dentro do humor. A linha é muito tênue e, por isso, uma decisão sempre difícil. Somos uma marca democrática, com a responsabilidade de debater todas essas questões. Temos um poder social muito grande nas mãos. Vamos, sim, ficar de olho nisso, mas entendemos a liberdade artística e o contexto da época do produto e, por isso, vamos buscar ser fiéis à obra idealizada pelo Bolaños" afirmou, em nota, o canal.

Quem altera uma obra, seja ela literária ou televisiva, não pode afirmar que está "sempre na tentativa de fazer o melhor". Responsabilidade social não pressupõe - ainda - a censura prévia (ou póstuma) de desenhos animados, filmes e seriados. E é assustador que, na era da convergência digital, um canal pago acreditar que pode decidir o limite da liberdade artística de atores, roteiristas e centenas de profissionais sem ser apanhado em flagrante por quem de fato tem esse direito: o telespectador.

O lacre, a exemplo do choro, é livre. Se os executivos do Multishow estão dispostos a perder audiência para agradar quem usa o controle remoto para patrulhar, tudo bem. Meu único pedido é: façam isso direito. Afinal de contas, não pega bem um canal preocupado com o machismo exibir programa de mulher pelada à 1h00.