"Jornal Nacional" passa pano para elogio de Lula à escravidão

O "Jornal Nacional" de quarta-feira deu pouco destaque à desastrosa declaração do presidente Lula sobre a escravidão no Brasil. O elogio "ao continente africano por tudo o que foi produzido durante 350 anos" ficou espremido em uma reportagem de sete minutos que fala de União Europeia e Guerra na Ucrânia e foi isento de críticas pelos apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos.

Em outros tempos, a passada de pano da Globo passaria incólume. Fernando Henrique Cardoso falou besteiras a rodo na década de 90 sem ser incomodado pela maior emissora do Brasil. A omissão de ontem, no entanto, destoa radicalmente da tenacidade do "JN" dos anos Bolsonaro, que revisava palavra por palavra o descompasso presidencial e a falta de respeito às políticas sociais e de saúde pública.

Pintada como um demônio pelo PT pré-Duda Mendonça, a Globo voltou a cair nas graças de Lula em 2022. Janja, esposa do presidente, e vários ministros do governo frequentam programas da empresa tanto na TV aberta como na fechada. Na primeira passagem de Lula por Brasília, toda essa simpatia era dirigida à Record, que prometia investir rios de dinheiro para se tornar líder de audiência.

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QUEM TAMBÉM PASSA PANO
Autor de "O País dos Petralhas", o neopetista Reinaldo Azevedo também defendeu Lula.

"Lula falou em “gratidão ao continente africano” ao se referir à escravidão. A palavra é descabida. Mas é estúpido acusá-lo de racismo. Ademais, se a extrema-direita quer falar em racismo, relembro o discurso de um biltre na Hebraica do Rio… Vamos lá", escreveu.

A régua de Reinaldo Azevedo é Jair Bolsonaro.

Grande régua.