Emmy 2017: "Silicon Valley" tem muitas qualidades, mas pouca repercussão

"Silicon Valley" tem quatro temporadas, quatro indicações ao Emmy e, no que depender do histórico recente da Academia de Televisão, continuará sem estatuetas.

A série de Mike Judge (Beavis e Butt-Head e O Rei do Pedaço) é esplêndida e ri com propriedade dessa geração tecnológica, precoce e efêmera que pensa ser capaz de controlar os hábitos de bilhões de pessoas com aplicativos inúteis e gadgets que explodem.

Os personagens de "Silicon Valley" são bem construídos, os atores são impecáveis e o roteiro, apesar das reviravoltas em torno da PiedPiper, não tem passagens inúteis - "Veep" e "Modern Family", vencedoras dos últimos quatro anos, dão mais voltas que ônibus circular. O que a série não tem? Repercussão.

Se o Globo de Ouro é capaz de premiar séries ruins e impopulares, como "The Affair", o Emmy, especialmente nos últimos anos, não esconde a intenção de afagar o público. Audiência por audiência, "Silicon Valley" tem mais a oferecer que "Veep", mas não é páreo no quesito discussão. Faz mais sentido, na cabeça dos jurados, premiar alguém que fale de política ou imigração.

"Atlanta", "Black-ish" e "Unbreakable Kimmy Schmidt" são séries comuns, que penariam para ficar entre as indicadas na década passada. "Master of None" é a comédia mais chata e superestimada da história - e, só por isso, tem boa chance de ser a zebra da noite. Vamos orar.

PALPITE: Modern Family ou Veep
MINHA ESCOLHA: Silicon Valley