Chamar Silvio Santos de racista e homofóbico é má-fé

Arquivo do Teleguiado

Gaby Amarantos está brava com Silvio Santos. No Twitter, disse que o apresentador passou os últimos anos ridicularizando "negros/mulheres/gays/plus" e que piadas com essas pessoas não podem ser mais toleradas na civilizada sociedade dos 70 mil homicídios por ano.

"Racismo não é opinião, gordofobia não é opinião, machismo não é opinião. Comunicadores, humoristas e todo e qualquer humano não podem usar desse artifício para destilar preconceito", resumiu.

A correção política é como obra da Encol. Bonita no papel. Invisível, na prática. Comédia não tem nada a ver com racismo ou preconceito. Racismo é crime. Comédia é arte. O racismo é submetido ao poder judiciário. A comédia, ao poder do público. A criminalização da opinião e a penalização do humor não são instrumentos de defesa de minorias. São eufemismos para a censura. E a censura bem-intencionada é letal para qualquer democracia.

Para apagar o passado e monopolizar o futuro, os millennials adotam como método o assassinato de reputações. Cantores, apresentadores, atores e bonecos de espuma - alguém chamou Louro José de apropriador cultural semana passada - são submetidos às mais estúpidas comparações e problematizações em prol do controle da narrativa. Do controle dos direitos e desejos de cada cidadão.

Quem chama Silvio Santos de machista, homofóbico e misógino simplesmente ignora a história da televisão. Ele, Chacrinha e Bolinha sempre foram os maiores defensores dos transformistas e os primeiros a tratar esses artistas como... artistas de verdade. Como bem lembrou o professor Fernando Morgado, em entrevista concedida ao Teleguiado, "Silvio é o único apresentador do Brasil com um auditório exclusivamente composto por mulheres. Isso não seria possível se ele tivesse ávido interesse em afirmar uma suposta superioridade masculina. Além disso, há décadas abre espaço para homossexuais, tanto no palco, quanto nos bastidores. Todos, inclusive, sabem dos concursos com transformistas que ele promove".

Todos têm o direito de desaprovar publicamente as atitudes e declarações de Silvio Santos. Ninguém, no entanto, tem procuração para determinar quem pode e quem não pode se expressar.