"Barry" tem despedida nível "Dexter"

*Se você não viu ainda o último episódio de "Barry", procure outra coisa para ler. Aliás, por que você está procurando informações sobre o fim da série em vez de assisti-la? Mude suas prioridades --ou leia o artigo e não reclame dos spoilers depois

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Assassinos têm vida ingrata na ficção. Quando não são apanhados pela polícia, algo comum em "Law & Order" e "CSI", são destruídos por roteiristas preguiçosos. Aconteceu com Dexter Morgan em 2013. Aconteceu com Barry Berkman ontem.

O último capítulo de "Barry" deveria colocar um ponto final na guerra entre Fuches e Hank, esclarecer se a polícia reabriria o caso Janice Moss para punir Gene Cousineau, como queria Jim Moss, e resolver os destinos de Sally, Barry e do filho deles, John. Quis o destino que as soluções escolhidas para cada um desses problemas fossem as mais porcas possíveis.

Hank morreu de mãos dadas com a estátua de Cristobal, depois do tiroteio entre seus homens e os apaniguados de Fuches, que pensa rápido para se salvar e servir de escudo humano a John, entregue a Barry na cena seguinte, sem diálogo. O problema aqui não é o comportamento de Fuches ou a bala na barriga de Hank. É a falta de imaginação. Eles eram muito confusos e afetuosos para seguirem adiante expressando em silêncio.

A punição a Gene Cousineau, única boa piada do episódio final, ao lado da cena em que Barry vai comprar metralhadoras em uma loja de departamentos que tocava "More Than Words" para os clientes, é outra prova de fadiga de rotieiro. Gene ser condenado à força é factível e divertido. Gene aceitar a pecha de assassino bovinamente, não. Gene seria capaz de matar Barry com um tiro na cabeça, como o fez, mas não abriria mão da inocência no caso Janice, por mais que estivesse de saco cheio de ser enganado e desacreditado por todos.

A última cena de "Barry" conta a história da série sob o ponto de vista da Warner, que adapta a história de Berkman e Cousineau para o streaming. Na ficção da ficção, Berkman é manipulado por Cousineau e apresentado como um herói de guerra ao público, que compra tudo o que assiste. Óbvios até na metalinguagem.