Roberto Avallone permaneceu por mais de uma década como o principal rosto da Gazeta. Sob sua gestão, o "Mesa Redonda Futebol Debate", depois reduzido para "Mesa Redonda", reconstruiu a crônica esportiva ao transplantar para a TV a paixão cega, doentia, do torcedor que frequentava o estádio e, consequentemente, alimentava os clubes.
Jornalista respeitado dentro e fora da editoria esportiva, Avallone impôs às câmeras um estilo polêmico, folclórico, exclusivo. Com pitadinhas históricas, notícias de bastidores e debates acalorados entre jogadores, dirigentes e comentaristas, o sobrinho predileto da Tia Dora fez SBT e Globo conhecerem - e temerem - a modesta e aguerrida estrutura da Gazeta.
Em maio de 1993, com a cobertura de Corinthians 1 x 0 São Paulo, jogo do Campeonato Paulista, o "Mesa Redonda" exclamou 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10 pontos de ibope na Grande São Paulo, contra 9 pontos do "Festival Charles Chaplin". Seis anos depois, cobrindo o quebra-pau de Palmeiras 2 x 2 Corinthians, aquele das embaixadinhas do Edilson, estampou 13 pontos de pico.
Na RedeTV!, durante sua breve passagem, Avallone também fez bonito. Acompanhado por Alexandre Porpetone, humorista de "A Praça É Nossa", herdava e aumentava o ibope do "Pânico". Orgulhoso dos bons índices, fazia questão de expor a tabela semanal do ibope, à época publicada pela Folha. Até na claudicante CNT, em 2009, ele foi capaz de chamar atenção do público e da concorrência - o "No Pique" atingia 2 pontos de pico em algumas praças.
Por essas e outras, podemos afirmar sem sombra de dúvidas: na última segunda-feira, perdemos um gênio do jornalismo e da televisão.