Silvio Santos era o grande jogador de "Casa dos Artistas". Em 2001, quando o público ameaçava eliminar Alexandre Frota, peça-chave do sucesso do reality, ele implodia as regras do jogo e promovia uma dinâmica alternativa, onde o público perdia o controle da situação na hora de escolher o eliminado da semana. Era mais ou menos assim:
-- Quero eliminar o Frota, Silvio
-- Eliminar quem?
-- O Fro-
-- Caiu a ligação! Sai a Patrícia Coelho!
Os dribles de Silvio Santos, repetidos anos depois para salvar Agnaldo Timóteo, perturbavam a imprensa, que ainda não entendia direito a graça por trás dos reality shows de convivência, e parte do público, que recorria ao "Pânico" na rádio e aos poucos programas de fofoca da TV ("TV Fama" e "A Casa é Sua") para exprimir a insatisfação. A verdade é: com ou sem cara feia, "Casa 1" saiu de cena dando 55 pontos de audiência, o melhor resultado do SBT na era informatizada.
Várias edições de "A Fazenda" morreram antes do previsto devido à intervenção popular. Da mesma forma que vilões são assassinados nos últimos capítulos das novelas, as personas non-gratas dos reality shows devem ser preservadas até a última semana de competição. Silvio Santos entendeu isso 20 anos atrás. Boninho, talvez, esteja entendendo isso agora.