A cara de pau da militância do yellowface

Cap1 - Cena 2B - Tanaka ( Luis Melo )
Cap1 - Cena 2B - Tanaka ( Luis Melo )

A Folha de São Paulo publicou nesta semana os preâmbulos do impeachment de Dilma Rousseff, novas evidências da roubalheira do PT que usa papel higiênico com cheirinho de lavanda (o PSDB) e um mapa da isenção fiscal dos templos religiosos. Nada chamou mais atenção que o furo de reportagem de Anahi Martinho: a próxima novela das seis, "Sol Nascente, é adepta do yellowface.

Quem denunciou o grave crime da família Marinho foi o blogueiro e ativista - "blogueiro e ativista" é a variante esquerdista do "modelo e atriz" criado pelas ex-BBBs - Fabio Andó Filho, um "educador popular militante dos direitos das pessoas migrantes" que usa a palavra "representatividade" com a mesma frequência que as ex-BBBs aparecem no "Superpop". 

Para o militante da cultura asiática, que prega por aí o boicote ao folhetim, a Globo escalou um ator brasileiro para interpretar o patriarca japonês Kazuo Tanaka, peça fundamental da história, porque não se importa em reproduzir estereótipos ofensivos em nome da criação de “histórias apetecíveis para o público branco". Completa a oposição o coletivo “Oriente-se”, que deveria ser preso pelo Jiban por causa do trocadilho chulo.

Só gente muito palerma consegue apontar racismo na seleção de atores de uma novela das seis. A palermice, para infelicidade geral, é a nova commodity do Brasil. Empresa nenhuma deixa um produto para trás por causa da cor da pele de um ator ou da nacionalidade de uma atriz. O que interfere é a técnica. Se a Globo, maior produtora de novelas do país, entende que um ator pode comprometer algo, significa mesmo que ele não consegue atravessar a rua com o dedo na ponta do nariz sem tropeçar no próprio pé e sofrer uma fratura. 

O estupor com o caso aumenta à medida que lembramos a psique dos xerifes das redes sociais. Quem vocaliza a favor dos asiáticos quase sempre o faz por interesse moral (disfarçar egoísmo demonstrando bondade com algo imensurável) ou econômico (a demanda do país por iniciativas do terceiro setor atrai gente suspeita, que capta verbas públicas para oferecer serviços inúteis e caros, emporcalhando a imagem dos profissionais de verdade). Não raro, a desonestidade ganha contornos intelectuais, aplacando nossa tara por documentos e teses.

Os inimigos do yellowface defendem a valorização da cultura oriental. Poderiam começar respeitando a integridade desses povos, que vieram para o Brasil e prosperaram sem coitadismos, sem comodismos. A maturidade dos nossos militantes não cobre um folhetim.