Silvio Santos e o assédio da narrativa

O Teleguiado tem apenas uma pergunta a respeito do aborrecidíssimo caso Claudia Leitte: os artistas que passaram as últimas 72 horas atacando a reputação de Silvio Santos estão mesmo encucados com a brincadeira no palco do Teleton ou só estão aproveitando o episódio para vingar a frase “Se depender da minha vontade e da vontade das pessoas que querem um Brasil pra frente, com oito anos de Bolsonaro e oito anos de Moro nós vamos ter dezesseis anos de um bom caminho. Peço a Deus que isso se realize”, proferida pelo apresentador minutos antes da celeuma?

Os motivos do descontentamento de Claudia Leitte são pessoais e estão acima da razão - ela não é atriz e não é paga para servir de escada de esquete humorística. Os motivos do descontentamento da classe "intelectual", por tudo o que circunda o meio político depois da eleição presidencial, são no mínimo suspeitos.

Acusar Silvio Santos de partidarismo a esta altura da vida é estupidez. A relação do comunicador com a política é bastante conhecida e está registrada em livros divulgados na programação do seu próprio canal - os ótimos "Topa Tudo Por Dinheiro", de Maurício Stycer, e "Silvio Santos: A Trajetória do Mito", de Fernando Morgado, ganharam chamadas no SBT. Alguém disposto a escamotear a própria história faria isso?

Quem carrega as tochas sabe muito bem a diferença entre inconveniência e assédio. O próprio Silvio Santos, segundo o colunista Ricardo Feltrin, entende que fez uma brincadeira boba com Claudia Leitte. Equiparar essa besteira a um crime, seja por picuinha ou sensacionalismo (um abraço para o pessoal do Ctrl + V Foco), é histeria. E histeria nunca é solução.