O Twitter oficial da Secom, Secretaria Especial da Comunicação Social da Presidência da República, difundiu informação falsa na última sexta-feira, 18 de junho. Em resposta à matéria "Governo repassou R$ 120 mil em cachê a apresentador bolsonarista", da Folha de São Paulo, o órgão do governo federal disse que Sikêra Jr. é "líder de audiência", quando, na verdade, seu programa é apenas o quarto ou quinto mais assistido na maioria das regiões em que há sinal da RedeTV!.
Dados da Kantar Ibope Media disponíveis em seu site oficial revelam que o "Alerta Nacional", programa de Sikêra Jr., marcou 1 ponto de média no Painel Nacional de Televisão entre dezembro de 2020 e abril de 2021, ficando bem atrás das novelas de Globo e SBT e dos telejornais nacionais e regionais da Record. A briga do apresentador é com a Band, sobretudo nos terminais de Recife, Brasília e Rio de Janeiro.
A única região em que Sikêra flerta com a liderança é Manaus, sede da TV A Crítica, responsável pela geração do "Alerta Nacional" para a RedeTV!. Os índices do jornal, entretanto, costumam subir no bloco regional da atração, quando o resto do país fica a dispor do "RedeTV! News".
Os ganhos de Sikêra Jr. em campanhas do governo federal foram informados pela Secom em um documento entregue à CPI da Covid. Em maio, durante sessão protagonizada pelo ex-secretário Fabio Wajngarten, o senador Jorge Kajuru acusou a pasta de contratar apresentadores e jornalistas por valores estratosféricos. Os congressistas, agora, estão analisando quais personalidades receberam cachês e os custos por trás dessas operações.
Além da Secom, o próprio Sikêra Jr. repercutiu a reportagem da Folha de São Paulo. Durante o "Alerta Nacional" de quinta-feira, o apresentador disse que recebeu esse dinheiro trabalhando honestamente e que o cachê pago pelo governo federal é um dos menores da sua carteira de clientes.
"Pessoal da 'Foia', eu sou um profissional, eu vivo disso, eu não tenho outra forma de viver, não. O que vier para mim. Eu anuncio vocês. Pagando? Leia a Folha de S.Paulo, assine", disse.