Pablo Villaça e o choque de patrulha

O crítico de cinema - e inimigo nº 1 da Netflix - Pablo Villaça está bravo com Rogerinho do Ingá, personagem de Caito Mainier em "Choque de Cultura". A celeuma começou na última terça-feira, depois do humorista lamentar publicamente o reducionismo ideológico dos brasileiros.

"Outra coisa boa também seria parar de ficar reduzindo as pessoas às suas correntes. Ah, você é de direita, então é um merda. Você é de esquerda, então é um merda. Você é de centro, então é uma merda dupla. Porra, a gente é muito maior que qualquer corrente!", escreveu no Twitter.

A mensagem atingiu o coração valente do sargentão do "Choque de Patrulha". A bordo de seu triciclo bandeirante, Villaça mirou o coração do menino levado que, vejam só o atrevimento, sugeriu a paz entre esquerdistas e direitas. "Ah, Rogerinho do Ingá… justo agora que eu me considerava tão seu fã… :(", cantou a metralhadora de reputações. 

O problema do Brasil não é ideológico. Nunca foi. Nossa direita é estéril. Nossa esquerda, frívola, faz pacto até com o PMDB em troca de dinheiro. Confrontar conservadores e progressistas é perda de tempo. Pirotecnia intelectual de baixa qualidade. O negócio, aqui, não é liberalismo ou comunismo. É o lulismo. O bolsonarismo. O collorismo. É a nossa invejável capacidade de criar Antônios Conselheiros.

A personalização da política cria dois problemas. O menos grave está incrustado no post de Mainier. Países preguiçosos, indulgentes, não podem abrir mão do próprio desenvolvimento por razões políticas. O mais grave está tatuado na cara de Pablo Villaça: a tendência ao servilismo. A paixão pelo messianismo. A neurose vulgar.

Para encurtar a chateação e encerrar a polêmica, Caito Mainier pediu desculpas a todos que ficaram decepcionados com sua visão do mundo. As seitas não aceitam isenção.