O Super Bowl não é o evento mais popular da televisão brasileira fora do eixo futebol - UFC. Nem o que mobiliza a maior cobertura na imprensa. Uma hora, inevitavelmente, será.
A NFL entende de esporte, entretenimento e gestão. Nos últimos anos, aumentou exponencialmente a presença na América Latina e multiplicou o faturamento nos Estados Unidos, a sua casa. Deveria servir de exemplo para nossos produtores de conteúdo. É apenas alvo de recalque.
82 salas de cinema vão transmitir ao vivo a Super Bowl amanhã...
No Brasil.
What the fuck ?
Os caras piraram ou viramos uns imbecis?— Fernando Meirelles (@fmei7777) February 6, 2016
Ao questionar publicamente a comercialização do Super Bowl no cinema, Fernando Meirelles sintetiza o maior problema da indústria brasileira de entretenimento: a aversão ao que é popular.
O insucesso dos títulos brasileiros passa pelo modelo de produção. Somos especialistas na redação de editais, mas penamos para construir um roteiro decente, com personagens bem estruturados e argumentos razoáveis. Não sabemos fazer conteúdo popular. E passamos longe, muito longe, da chamada alta cultura. Pérola da vez, "Que Horas Ela Volta?" é um romance da "Sessão da Tarde" comparado aos demais concorrentes do Oscar. Em suma, ninguém quer saber o que passa pela cabeça do público. Mas sabe de cabeça o que precisa para ganhar o dinheiro público.
Se um esporte complexo, com mais pausas que as corridas da Nascar, consegue ser mais popular que um filme protagonizado por atores que constantemente aparecem nas novelas, a culpa não é do público, mas sim de quem produziu o espetáculo. E quem não consegue fritar um ovo não pode sair por aí oferecendo ravióli de gema mole.