Maroon 5 faz show abaixo da média do Super Bowl

Nem o maior hater do Maroon 5 poderia imaginar um show pior que o deste domingo. Adam Levine e seus blue caps escolheram mal o repertório, não ousaram e tiveram que levantar as mãos para os céus e agradecer as participações especiais de Travis Scott, Lula Molusco e Big Boi, os verdadeiros astros do show do intervalo mais sem graça do Super Bowl em uma década e meia.

Apresentadas em pílulas, as músicas do Maroon 5 pioram drasticamente. "Harder To Breathe", escolhida para abrir o show, é harmônica e intensa na versão original. Reduzida pela metade, é um estribilho insuportável. Nas rádios, "This Love" soa repetitiva. No palco, igualmente cortada, pareceu uma cópia preguiçosa daqueles sucessos de duas estrofes do Roupa Nova.

Se o Maroon 5, com 20 anos nas costas, não sabe editar as próprias músicas, Travis Scott é mestre nessa arte. A mini "Sicko Mode" executada no palco do Mercedes-Benz Stadium contagiou o público, que sentiu muito de leve o amargor da dobradinha seguinte, formada por "Girls Like You" e "She Will Be Loved".

Big Boi garantiu o segundo bom momento da noite. A bordo de um conversível, o parceiro de Andre 3000 no Outkast cantou um trechinho de "The Way You Move", excelente música eclipsada por "Hey Ya!". Depois do revival, Adam Levine cantou "Sugar", única faixa do Maroon 5 que não perdeu vigor em 14 minutos de show, e a espalhafatosa "Moves Like Jagger", que perde muito sem o contraste da voz de Christina Aguilera.

Sem pirotecnia e densidade musical, o Maroon 5 pareceu uma banda de festa de casamento perdida no evento esportivo mais importante do mundo. É nessas horas que a gente reconhece: o Sugar Ray, afinal, não era tão descartável assim.