A prostituição cultural do bolsonarismo

Frame da esquete "jornalista da Folha"

O teatrinho de quinta categoria da CPMI das Fake News inspirou o "Canal Hipócritas" a gravar uma esquete comparando as jornalistas da Folha de São Paulo a prostitutas. Sob o originalíssimo mote "eu preciso de um furo", o casting reserva de "Brida" passa dois minutos repetindo o ideário anti-imprensa do Palácio do Planalto. De engraçado, mesmo, só o esforço dos produtores em reproduzir a estética do ultracomunista "Porta dos Fundos", inimigo mortal da ultradireita ultrajovem.

Ninguém discute a autoridade de certos bolsominions sobre o tema do vídeo. Em um passado não muito distante, esses mesmos humoristas aceitaram se associar a Joice Hasselmann, ex-rainha do gado, para produzir vídeos pró-Bolsonaro. "Programa" completo, portanto. O problema é que o negócio da tropa do meme não é fazer rir. É difundir narrativas que interessam à elite política do país. É reproduzir o humor a favor incensado por Dilma Bolada e outros bobos da corte no passado.

Olavo de Carvalho, guru ideológico do bolsonarismo, nunca admitiu a redução da alta cultura "a instrumento do engodo revolucionário". Ironicamente, hoje ele colhe os frutos dos parasitas que confundem comédia com tragédia. E liberam todos os furos em troca de alguma visibilidade.