Bill Maher fez na edição de sexta-feira do "Real Time", seu talk show na HBO (a HBO Signtaure exibe os episódios no Brasil), a leitura mais precisa da última eleição presidencial americana.
Em um ótimo monólogo, disponível no fim do post, o comediante atribuiu ao politicamente correto e à mania esquerdista de problematizar manifestações inofensivas, livres de todos os 'ismos' criados de 1980 para cá, a lavada que Hillary Clinton levou de Donald Trump no colégio eleitoral.
"Os democratas deixaram de ser o 'partido que protege pessoas' para se tornar o 'partido que protege sentimentos'. Trocaram o 'não pergunte o que seu país pode fazer por você' pelo 'você me deve um pedido de desculpas'. Republicanos não pedem desculpas. Democratas pedem desculpas por tudo. Não podemos encontrar um equilíbrio?", disse.
"Em 2016, os conservadores ganharam a Casa Branca, as duas casas do Congresso e elegeram quase dois terços dos governadores e legisladores estaduais. Os liberais, por outro lado, apanharam Steve Martin chamando Carrie Fishborne de 'bonita' (referência à perseguição que o comediante sofreu ao elogiar, no Twitter, a beleza da colega, morta em dezembro último) na internet", concluiu.
A imprensa americana repercutiu a opinião de Bill Maher com incredulidade, atitude compreensível depois da vergonhosa cobertura da campanha eleitoral. Admitir algo tão banal, tão óbvio, equivale a um tiro na têmpora do ego - e ninguém quer velar o ego com caixão fechado. Os democratas não comentaram as declarações. Bill Maher deixou de ser uma referência para muitos deles quando comparou o Islã à máfia e declarou que os esquerdistas americanos não condenavam os extremistas porque temiam ser chamados de racistas.
O politicamente correto deve um pedido de desculpas à liberdade de expressão.