Artista exclusivo da Globo, Roberto Carlos foi pano de fundo de uma das maiores brigas da história da TV.
Em 2001, o rei pediu apoio à Sony e à MTV para realizar um sonho: gravar um disco acústico. Informada do projeto, a Globo propôs a Roberto um especial fim de ano "desplugado", nos mesmos moldes do cultuado projeto da Music Television. Recebeu um sonoro "não", mas permaneceu de cabeça erguida. Com o contrato de exclusividade da imagem do cantor em mãos, entendeu que poderia captar o show com seus próprios equipamentos e exibi-lo no "Fantástico" ou em outro espaço da programação.
A MTV, à época administrada pela Abril, impediu a entrada das câmeras da Globo, alegando que a joint-venture não tinha sido combinada. Propôs, para apaziguar os ânimos, a exibição conjunta do Acústico. O "não" mudara de lado. O calhambeque não saiu do lugar.
Impedida de mostrar a imagem de Roberto, a MTV produziu dois clipes para divulgar o Acústico: "Todos Estão Surdos" e "Eu Te Amo, Te Amo, Te Amo". Exibidos diariamente no "Supernova", ajudaram a Sony a vender 1,5 milhões de cópias do Acústico em seis meses. O DVD, com a imagem autorizada do rei, saiu com tiragem recorde: 100 mil cópias.