Sobre a tentativa de assassinar a reputação de Faustão
Alberto Luchetti Neto aproveitou a passividade de Valmir Moratelli, colunista de "Veja", para responsabilizar Faustão pelo suicídio de uma antiga funcionária do "Domingão do Faustão". Como o Teleguiado acha vergonhoso esse jornalismo declaratório moderno, que repassa ao leitor a responsabilidade de apurar a origem, os interesses e as informações prestadas pelos entrevistados, farei aqui, sem ajuda daquele fundo do Google contra as fake news e sem o paywall da editora Abril, o trabalho esquecido pelo colega.
A reportagem de "Veja", se é que podemos chamar aquilo de reportagem e essa "Veja" de "Veja", diz que Alberto Luchetti dirigiu Faustão entre 1998 e 2002. Já está errado. Uma rápida pesquisa no arquivo da Folha mostra que em setembro de 2000 ele já estava fora do programa --este é o primeiro ano em que o "Domingo Legal" bate o "Domingão do Faustão" na média dos 52 programas da temporada. Com um retrospecto desses, era natural que sofresse uma pressão absurda e, consequentemente, guardasse alguma mágoa. Não custa lembrar: Luchetti deixou a Globo em 2002 para fundar a AllTV, que é a CNT das TVs digitais: zero audiência, zero relevância e muita vergonha alheia. É como sair do Real Madrid para dirigir o Grêmio Prudente.
Não coloco em xeque a probabilidade de uma ou outra vez Faustão ter perdido a esportiva e exagerado nas broncas. Apresentar ao vivo um programa de domingo com um rival como Augusto Liberato nos calcanhares estressaria qualquer um. Só não consigo levar a sério um ataque de pelancas com atraso de 23 anos, justamente no mês em que ele oficialmente sairá do circuito. Soa como uma covardia.
Inspirado, Luchetti disse a Valmir Moratelli que a carreira de Faustão acabaria em 2002 se Gugu não tivesse feito "aquela merda com o PCC".
Impossível saber. Afinal, "aquela merda com o PCC" aconteceu em 2003.
Valmir e Luchetti poderiam consultar o Google.