Paulo Gustavo e os limites do jornalismo

Desesperada por audiência, a Pais & Filhos publicou nesta tarde a nota "Paulo Gustavo morre aos 42 anos após mais de 40 dias intubado com covid, diz site", depois alterada para "Site diz que Paulo Gustavo morreu, mas família e hospital ainda não confirmaram". O que difere uma da outra? Nada. Ambos os títulos denunciam mau jornalismo. Morte não é peça de furo de reportagem. E "site", seja ele grande ou pequeno, não é fonte oficial.

A internet tem jogado para baixo o nível do jornalismo brasileiro. Um editor responsável, ao encontrar tamanha tranqueira na home de sua publicação, imediatamente deletaria o link e pediria desculpas aos leitores e à família do citado. A equipe de Pais & Filhos, moderna e apócrifa, preferiu dobrar a aposta, informando que "tentou contato com a assessoria de Paulo Gustavo e falou com Claudio Tizo, que disse que ainda não recebeu a informação, mas nos atendeu com voz de choro".

"Voz de choro"? Quatro anos da faculdade para publicar isso aí? Assumir o "tudo pelo clique" seria menos vergonhoso.

Paulo Gustavo está vivo. Não posso dizer o mesmo a respeito do jornalismo.