Militante, Folha criminaliza Danilo Gentili por piada contada antes pelo Lula
Danilo Gentili fez uma piada de gordo com Flavio Dino nesta semana. O UOL reprimiu a brincadeira, acusando o comediante de praticar "ataques gordofóbicos" contra o corpulento ministro da justiça.
O UOL confundir piada com agressão é o de menos. Jornalistas sempre se superam quando o assunto é problematização. Como até a Mônica Bergamo anda insatisfeita com o comunista, a redação teve de correr contra o tempo para criar um fato que tirasse o tema "PM da Bahia" do Google Trends. O que chama atenção nessa história é a falta de vergonha da cara do Grupo Folha, dono do UOL. É no mínimo estranho que um comediante tenha uma piada transformada em "ataque" ao mesmo tempo em que um presidente da República --o mesmo que chamava Pelotas de cidade exportadora de viados-- é blindado por fazer a mesma graça (compare as manchetes de Folha e UOL, empresas ligadas ao mesmo cordão umbilical, na imagem que abre este texto).
Eu entendo a excitação dos jornalistas da Folha e do UOL em relação ao terceiro mandato de Lula. O petista é o Cauã Reymond pentelhudo dessas redações. Mas pega mal entre os leitores esse comportamento de explícita submissão. Não estamos falando de colunistas com pontos de vista diferentes. Falamos de reportagens factuais, dosadas para contrapor um presidente perfeito, que no máximo comete gafes, a um pária, que deixaria de ser tratado como lixo se apertasse as teclas "1" e "3" ou "5" e "0" com alguma frequência.
Entendo que o jornalismo pode, sim, ficar livre da veste da imparcialidade. Não existe repórter sem juízo de valor. O que devemos cobrar dos veículos de comunicação é a isenção. O respeito ao fato. A Folha não é isenta. Tampouco respeita fatos. Como aquela personagem de Consuelo Leandro em "A Praça é Nossa", ela quer só criar narrativas e acariciar a estrela vermelha da boina.
Tá pra sair piada de gordo mais engraçada que a Folha.