Lula, Bolsonaro e a censura seletiva

Em dezembro de 2017, Jair Bolsonaro prometeu reduzir a verba de publicidade estatal da TV Globo se vencer a eleição presidencial. A imprensa reprovou - com razão - a declaração. Dinheiro público não pode ser usado para chantagear jornais, portais e afins. Na verdade, jornais, portais e afins nem deveriam depender de dinheiro público. Os políticos detestam liberdade e abraçam até ONGs suspeitas para esvaziar a publicidade privada.

Lula participou, na terça-feira, de um encontro de "artistas e intelectuais" no Rio de Janeiro. Atacou o presidente do TRF-4, o juiz Sergio Moro, o Luciano Huck, a revista Veja e os meios de comunicação.

“Eu quero que eles saibam. Trabalhem pra eu não voltar. Porque se eu voltar vai haver uma regulação dos meios de comunicação (...) A gente não pode continuar permitindo que meia dúzia de famílias sejam donas dos meios de comunicação”.

Os meios de comunicação citados por Lula ignoraram a ameaça. Somente os clientes da Reuters, única agência que cobriu direitinho o discurso do ex-presidente, repercutiram a bravata.

A imprensa não existe para escolher censores. A imprensa existe para combater censores. Liberdade não é seletiva. Nem democracia.