Histeria não combate nada

O BuzzFeed faz o que pode para normatizar a loucura millennial. Além de criticar os homens brancos que atacam publicamente o racismo, o site discute assédio sexual com prints - todos não contextualizados, como manda o manual do jornalismo lacrador - de entrevistas e interações entre homens e mulheres na TV brasileira.

Em "10 mulheres que foram assediadas em frente às câmeras", o redator Gaspar José mescla situações realmente acintosas com brincadeiras e gentilezas que cruzam a barreira da vergonha alheia, mas não traduzem constrangimento e desrespeito reais.

Para induzir o público à narrativa (imbecil) da vez, a postagem, destacada no Moments do Twitter com mais de um ano de atraso, não vem acompanhada dos vídeos dos benditos assédios. Quem quer chegar a uma conclusão não viciada sobre o assunto, ou simplesmente entender melhor o que é apresentado, precisa clicar nos links do youtube, como um neandertal da era do FrontPage. Alguns vídeos ainda estão no ar no YouTube, permitindo o tira-teima. Outros, inclusive o do Teleguiado, estão offline. Belíssimo indicativo da disposição ao diálogo e ao debate do site dos testes fofinhos.

Os casos citados na "reportagem" do BuzzFeed são, em sua maioria, inócuos. Neto e Serra não são dois estupradores em potencial - nem oferecem exemplos ruins - quando elogiam a beleza de Ticiana Villas Boas. São, no máximo, dois tiozões do pavê passando vergonha em rede nacional, com os telespectadores rindo da cara deles no conforto do sofá de casa. O mesmo pode ser dito a respeito de Datena, no contato com Nadja Haddad, e das brincadeiras entre Milton Neves e Larissa Erthal, constantes no "Terceiro Tempo".

Os progressistas não juntam casos reais e irreais de assédio por ignorância. O que essa turma, responsável, na opinião do comediante esquerdista Bill Maher, pela vitória de Donald Trump na eleição americana, quer é confundir os espectadores até a hora em que o normal passe a ser anormal e as liberdades individuais sejam corroídas pela histeria coletiva.

O BuzzFeed sabe que simpatia, gentileza e bom humor não configuram violência. Na verdade, o BuzzFeed não está nem aí para a violência. Quem está preocupado com a violência cobra as autoridades e conscientiza a população. Não fica criando narrativas que só desrespeitam e desmerecem as pessoas que realmente são agredidas no Brasil.