Em menos de uma semana, três profissionais do Grupo Globo foram intimidados por soldadinhos do bolsonarismo. Renato Peters e Sabina Simonato enfrentaram os valentões ao vivo. Marcelo Cosme, âncora do "GloboNews Em Pauta", teve o prazer de ser perturbado fora do ar, enquanto se exercitava na orla carioca.
À medida que o tempo passa, fica cada vez mais claro que o petismo - ou lulopetismo, como diz Ciro Gomes - é o refúgio do bolsonarismo. Em vez de elevar os parâmetros morais, o governo faz questão de traçar paralelos com o que houve e há de mais rasteiro na política, tornando tudo aceitável.
O senador da base aliada não consegue explicar a evolução patrimonial?
"O deputado da gestão anterior embolsava dinheiro da Petrobras".
O gabinete do deputado emprega twitteiros adesistas?
"As estatais bancavam blogueiros de esquerda até outro dia".
Se em matéria de corrupção os bolsonaristas encontram atalhos para não serem comparados aos petistas, o mesmo não pode ser dito sobre a relação com a TV Globo. A militância que perseguiu Cosme, Peters e Simonato repete o modus operandi perpetrado pelo petismo nas coberturas do mensalão, do impeachment de Dilma e da prisão de Lula. De novidade, apenas o bordão. Globo Lixo é o Globo Golpista dessa galera.
A Globo não é mais o canhão midiático das década de 1970 e 1980, mas permanece muito à frente das concorrentes em audiência e faturamento. Qual influencer governista dá 40 pontos de ibope às 21h00, como o "Jornal Nacional"? Qual twitteiro alcança 2 milhões de pessoas em São Paulo todas as madrugadas, como faz Renata Lo Prete no "Jornal da Globo"? A resposta está nas campanhas intimidatórias contra os jornalistas do Grupo. Nas reações destemperadas de Bolsonaro. Nas fake news que os blogueiros de crachá espalham pelo WhatsApp.
É difícil prever por quanto tempo os bolsonaristas insistirão no método petista de combate à imprensa. O que não é difícil de prever é o que vai acontecer com o governo se nada mudar nos próximos anos. O Brasil, sabemos, é tristemente previsível.