Como o Catraca Livre combate os boatos e as fake news

A notícia acima, publicada na véspera da eleição presidencial, ilustra todo o comprometimento do Catraca Livre com o bom jornalismo e o combate às fake news.

Para empurrar goela abaixo dos leitores uma pesquisa CUT/Vox Populi, confiável como a defesa da seleção brasileira em jogo contra a Alemanha, a redação anônima do brilhante site de Gilberto Dimenstein abre a postagem com um desavergonhado "Não se sabe ainda se é fake news, mas está agitando hoje as redes sociais".

A regra número um do jornalismo responsável, especialmente em tempos de desinformação, é não passar boatos adiante. O Catraca Livre não só ignora essa regra elementar, conhecida por qualquer profissional da área, como faz graça da situação, transferindo para o leitor a responsabilidade da apuração. Algo como "olha só, estão gritando que a floresta pegou fogo, mas pode ser que a galera esteja de brinks. Vamos causar um caos aí e ver o que é que dá".

A continuação da "reportagem" não é muito melhor. O redator, como se estivesse justificando ao gerente das lojas americanas aqueles dois bombons comidos na seção de fronhas, explica que só está importunando o leitor, a esta altura mais perdido que a Suzane Von Richtofen em indulto de Dia das Mães, porque as redes sociais abrigaram "notícias" de que o Brasil 247, site "ligado ao PT", publicaria uma pesquisa cravando a "virada" de Fernando Haddad sobre Jair Bolsonaro. O parágrafo da pegadinha termina com um desenchavido "a informação deve ser vista com cautela".

Mais uma vez: onde está a responsabilidade? Se a informação deve ser vista com cautela, por que diabos o Catraca Livre a publica? Esporte? Desleixo? Meta de cliques?

Antes de apontar o dedo para o WhatsApp e sugerir, imodestamente, que o público não tem maturidade para filtrar suas leituras, a imprensa precisa de autocrítica e humildade. A cautela está em falta para os dois lados.