Cinema

"O Primeiro Homem" causa dor de cabeça

A temporada começou. Os filmes que, muito provavelmente, serão indicados ao Oscar costumam ser exibidos no último trimestre do ano e comecinho do ano seguinte. Damien Chazelle já conhece o gosto da derrota. Em 2017, o diretor viu o terceiro filme de sua carreira, ”La La Land – Cantando Estações”, ser anunciado como o ganhador […]

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A temporada começou. Os filmes que, muito provavelmente, serão indicados ao Oscar costumam ser exibidos no último trimestre do ano e comecinho do ano seguinte. Damien Chazelle já conhece o gosto da derrota. Em 2017, o diretor viu o terceiro filme de sua carreira, ”La La Land – Cantando Estações”, ser anunciado como o ganhador do prêmio de Melhor Filme, mas os envelopes da cerimônia foram trocados em uma confusão inédita, e o verdadeiro vencedor foi ”Moonlight: Sob a Luz do Luar”.

A obra mais recente de Chazelle, “Primeiro Homem”, só lembra “La La Land” pela escolha do protagonista. Ryan Gosling – que, há alguns anos, se especializa em interpretar homens contidos – é Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na lua, garantindo a vitória aos Estados Unidos na corrida espacial dos anos 1960. Todos já sabem o que aconteceu, então, o que importa é, na verdade, como aconteceu.

Em “Primeiro Homem", Chazelle prefere se concentrar no drama familiar de Armstrong, em vez de retratar os detalhes das missões espaciais. Com roteiro de Josh Singer, o mesmo de “Spotlight – Segredos Revelados”, o filme tem todas as características de um forte candidato a várias estatuetas, mas algo não funciona (e a bilheteria americana também não se empolgou, estreando já em terceiro lugar).

Com um diálogo artificial como o sotaque americano da atriz inglesa Claire Foy (no papel raso e ingrato de esposa de Armstrong), a câmera tenta forjar um clima de intimidade utilizando closes fechadíssimos e ligeiramente fora de foco – há cenas em que as legendas são jogadas para o canto da tela, ou cobririam uma parte muito grande dos rostos dos atores.

Com exceção dos dez ou quinze minutos finais – que se passam, é claro, na lua – um ingresso para uma sessão em Imax só serviria para provocar dores de cabeça e enjoos. Com uma edição de som digna de filme de terror, o espectador poderá se sentir dentro de uma máquina de lavar roupas centrífuga. Pessoas sensíveis a luzes piscantes e propensas a ataques epiléticos devem evitar o filme.