Porchat, GKay e a cultura do ofendido
Chamado para homenagear Jô Soares no "Domingão" de fim de ano, Fábio Porchat disse que o comediante preferiu morrer a entrevistar a GKay. A plateia riu. A influenciadora, não. Insatisfeita com a menção, a rainha da farofa ergueu um altar no Twitter.
"Você dizer que uma pessoa preferiu ir embora para não me entrevistar... Você realmente não tem noção alguma do quanto isso me fere [...] Tô cansada de verdade, sabe, gente? Cansada mesmo. Na verdade, tô exausta, porque eu não sei o que fiz pras pessoas me odiarem tanto, me humilharem tanto, dia após dia e agora até em rede nacional, mostrando que eu sou uma piada no sentido ruim", lacrou.
GKay não é uma coitada --e sabe muito bem disso. Sua última festa de aniversário durou 72 horas e foi exibida no Multishow e no Globoplay. O bônus dessa relevância efêmera é a grana. O ônus, as piadinhas que surgem nos dois ou três programas que ainda se arriscam a fazer comédia na TV. Mesmo assim, dezenas de páginas de fofoca trataram a piada de Porchat como um rompante de machismo e deselegância. Haja condescendência —e a moça acha que é humorista, vejam o absurdo.
Antigamente, o 'sentir-se ofendido' era uma ferramenta de civilidade. Hoje, o 'sentir-se ofendido' é uma isca de engajamento. Você chora as pitangas no Twitter, amplia as métricas e fica ainda mais poderoso aos olhos dos deuses algorítmicos.
GKay sabe disso. Por isso que seu talento não desce nem com farofa. Chega de coitadismo. Chega de irrealismo.